1. Introdução ao Isagoge
a) Lógica.
Pertence ao
gênero da filosofia. Boécio disse que a filosofia é a ciência que se detém nas
coisas mais elevadas. Divide a filosofia em três espécies: especulativa, que se
ocupa da natureza das coisas; moral, que se ocupa da dignidade da vida a ser
considerada; e racional ou lógica, que se ocupa da ordem dos argumentos a serem
compostos.
Boécio disse que
a lógica pode ser tanto parte da filosofia quanto instrumento para uso das
outras partes e, inclusive, instrumento para si mesma.
b) Razão
para a Lógica
Ainda segundo
Boécio, consiste em reduzir e redigir as regras certas de argumentação, para
que não leve ao erro de assegurar o que não se encontra na natureza das coisas,
ou reuni contrários quanto as suas condições.
c) Ordem
ao redigir a Lógica
Primeiro, deve-se
escrever sobre os termos simples; depois, sobre as proposições, e, por fim,
sobre as argumentações, porque as argumentações resultam das proposições e
estas das palavras.
d) Em
que consiste o Isagoge
Numa introdução
ao livro “Categorias” de Aristóteles, que é necessário ao conhecimento de toda
arte.
e) Intenção
do Isagoge
Principalmente,
instruir o leitor nas Categorias de Aristóteles.
f) A
matéria do livro Isagoge
Tratar dos cinco
nomes, que são o gênero, a espécie, a diferença, o próprio e o acidente, porque
estes são discutidos em quase toda a série das Categorias. Estes cinco nomes
são tratados pelo Isagoge sob dois aspectos: esclarecendo a significação de
cada um dos nomes, para serem entendidos quando mencionados nas Categorias; e se
referindo as infinitas (indeterminadas) coisas significadas pelos cinco nomes
como se tratassem de cinco, pois estes cinco são propriedades das infinitas
coisas.
g) Modo
do Isagoge tratar os cinco nomes
Primeiro,
distingue a natureza de cada um deles; segundo, para maior conhecimento, passa
ao que lhes é comum e, terceiro, às suas propriedades.
h) A
Necessidade dos cinco nomes
Principalmente,
para entender as Categorias, mas também para dividir, definir e demonstrar. A
ciência das Categorias está no livro de Aristóteles; definir é atribuir ou
compor definições; e dividir e demonstrar são argumentações.
i)
De que modo os cinco nomes são necessários
Algo pode ser
necessário em três sentidos: primeiro, como inevitável, algo que é necessário
para a constituição da essência da coisa; segundo, como utilidade, algo que é
necessário previamente para se chegar a outro ulterior; e terceiro, como
determinado, algo que ocorrerá com certeza. A necessidade dos cinco nomes é no
sentido de utilidade.
j)
A que parte da Lógica a ciência dos cinco nomes
se refere
De acordo com
Cícero e Boécio, a lógica se compõe de duas partes: a ciência de descobrir os
argumentos e a ciência de julgá-los. Julgar significa comprovar os argumentos
descobertos, logo, como disse Cícero, a descoberta é naturalmente anterior ao
julgamento.
A ciência dos
cinco nomes se refere às duas partes da lógica, mas principalmente à
descoberta. É certa parte da descoberta, pois dos cinco nomes se tira
argumentos. Diz respeito também ao julgamento, pois a comprovação do argumento
tirado dois cinco nome se faz com a constatação da sua correspondência com a
natureza dos cinco nomes.
k) Divisão
da Dialética segundo Boécio
Divide-se em,
primeiro, ciência da descoberta e do juízo e, segundo, ciência da divisão, da
definição e da dedução. Mas estas partes estão inter-relacionadas: a descoberta
é um dos membros da primeira divisão; na descoberta se inclui a ciência da
divisão ou da definição, porque os argumentos são tirados destas duas.
As categorias, por
onde se entra na Lógica, não se separa desta, pois fornece os recursos máximos
para os argumentos, porque, por meio destas, é possível confirmar de que
natureza cada coisa é ou não.
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