segunda-feira, 1 de julho de 2013

Lógica para Principiantes - 1ª Parte

(Livro de Pedro Abelardo, que comenta o Isagoge, de Porfírio)

1.       Introdução ao Isagoge

 

a)      Lógica.

 

Pertence ao gênero da filosofia. Boécio disse que a filosofia é a ciência que se detém nas coisas mais elevadas. Divide a filosofia em três espécies: especulativa, que se ocupa da natureza das coisas; moral, que se ocupa da dignidade da vida a ser considerada; e racional ou lógica, que se ocupa da ordem dos argumentos a serem compostos.

 

Boécio disse que a lógica pode ser tanto parte da filosofia quanto instrumento para uso das outras partes e, inclusive, instrumento para si mesma.

 

b)      Razão para a Lógica

 

Ainda segundo Boécio, consiste em reduzir e redigir as regras certas de argumentação, para que não leve ao erro de assegurar o que não se encontra na natureza das coisas, ou reuni contrários quanto as suas condições.

 

c)       Ordem ao redigir a Lógica

 

Primeiro, deve-se escrever sobre os termos simples; depois, sobre as proposições, e, por fim, sobre as argumentações, porque as argumentações resultam das proposições e estas das palavras.

 

d)      Em que consiste o Isagoge

 

Numa introdução ao livro “Categorias” de Aristóteles, que é necessário ao conhecimento de toda arte.

 

e)      Intenção do Isagoge

 

Principalmente, instruir o leitor nas Categorias de Aristóteles.

 

f)       A matéria do livro Isagoge

 

Tratar dos cinco nomes, que são o gênero, a espécie, a diferença, o próprio e o acidente, porque estes são discutidos em quase toda a série das Categorias. Estes cinco nomes são tratados pelo Isagoge sob dois aspectos: esclarecendo a significação de cada um dos nomes, para serem entendidos quando mencionados nas Categorias; e se referindo as infinitas (indeterminadas) coisas significadas pelos cinco nomes como se tratassem de cinco, pois estes cinco são propriedades das infinitas coisas.

 

g)      Modo do Isagoge tratar os cinco nomes

 

Primeiro, distingue a natureza de cada um deles; segundo, para maior conhecimento, passa ao que lhes é comum e, terceiro, às suas propriedades.

 

h)      A Necessidade dos cinco nomes

 

Principalmente, para entender as Categorias, mas também para dividir, definir e demonstrar. A ciência das Categorias está no livro de Aristóteles; definir é atribuir ou compor definições; e dividir e demonstrar são argumentações.

 

i)        De que modo os cinco nomes são necessários

 

Algo pode ser necessário em três sentidos: primeiro, como inevitável, algo que é necessário para a constituição da essência da coisa; segundo, como utilidade, algo que é necessário previamente para se chegar a outro ulterior; e terceiro, como determinado, algo que ocorrerá com certeza. A necessidade dos cinco nomes é no sentido de utilidade.

 

j)        A que parte da Lógica a ciência dos cinco nomes se refere

 

De acordo com Cícero e Boécio, a lógica se compõe de duas partes: a ciência de descobrir os argumentos e a ciência de julgá-los. Julgar significa comprovar os argumentos descobertos, logo, como disse Cícero, a descoberta é naturalmente anterior ao julgamento.

 

A ciência dos cinco nomes se refere às duas partes da lógica, mas principalmente à descoberta. É certa parte da descoberta, pois dos cinco nomes se tira argumentos. Diz respeito também ao julgamento, pois a comprovação do argumento tirado dois cinco nome se faz com a constatação da sua correspondência com a natureza dos cinco nomes.

 

k)      Divisão da Dialética segundo Boécio

 

Divide-se em, primeiro, ciência da descoberta e do juízo e, segundo, ciência da divisão, da definição e da dedução. Mas estas partes estão inter-relacionadas: a descoberta é um dos membros da primeira divisão; na descoberta se inclui a ciência da divisão ou da definição, porque os argumentos são tirados destas duas.

 

As categorias, por onde se entra na Lógica, não se separa desta, pois fornece os recursos máximos para os argumentos, porque, por meio destas, é possível confirmar de que natureza cada coisa é ou não.

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