(Como Ler Livros: o guia clássico para a leitura inteligente, de Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, Editora É Realizações, Trad. Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara)
1. Postulados:
a) Quem não consegue dizer por que gostou de um romance provavelmente não ultrapassou suas mais óbvias superfícies.
b) Literatura imaginativa mais deleita do que ensina.
c) A beleza é mais difícil de analisar do que a verdade.
Minhas Conclusões: Na medida em que a literatura imaginativa é espécie do gênero belas artes, e na medida em que as belas artes têm como objetivo primeiro deleitar através da exposição da beleza; estes por dedução também são os objetivos primeiros da literatura imaginativa e, por conseqüência, caberá ao leitor procurar primeiramente a contemplação da beleza através da análise.
2.
Como ler ativamente literatura imaginativa:
Como ler ativamente literatura imaginativa:
- se divide em dois modos: via negativa (como não ler) e via da analogia (transpondo as regras da leitura de não-ficção para os seus equivalentes na ficção)
a) Via negativa
- Não tente resistir aos efeitos que uma obra de literatura tem sobre você (deixe-se levar pela estória, é uma espécie de paixão ativa ou de uma ação passiva)
- Não procure termos, proposições e argumentos na literatura imaginativa.
- Não critique a ficção usando os critérios de verdade e coerência que são devidamente aplicados a comunicação do conhecimento.
b) Via da analogia
- Análogo ficcional das regras não ficcionais para descobrir a unidade e a relação estrutural entre o todo e as partes:
1º) classificar uma obra de literatura de acordo com suas espécies: poesia, romances, peças teatrais; 2º) apreender a unidade da obra através do seu enredo; 3º) descobrir de que modo o todo se compõe de partes, através da observação da caracterização e dos acontecimentos.
- Análogo ficcional das regras não ficcionais para identificar e interpretar os termos, proposições e argumentos.
1º) Identificar e interpretar os equivalentes dos termos, que na obra de ficção são os episódios, personagens, falas, sentimentos e ações; 2º) Identificar e interpretar os equivalentes das proposições, que na obra de ficção são as cenas que constroem o mundo imaginário; 3º) Identificar e interpretar os equivalentes dos argumentos, que na obra de ficção é acompanhar atentamente o desenrolar do enredo.
- Análogo ficcional das regras não ficcionais para criticar a doutrina do autor, concordando ou discordando de modo inteligente.
1º) Princípios gerais: não criticar a beleza de uma obra imaginativa enquanto não a tiver apreciado por completo: não questionar o mundo criado pelo autor; não se trata de concorda ou discordar do autor, mas sim gostar ou não gostar da estória; não se trata de procurar a verdade, mas sim procurar a beleza, relacionada ao prazer que ela nos proporciona; 2º) Primeiro julgamento de gosto: gosta ou não gosta do livro e porquê, apontando as passagens que fundamentam os porquês; 3º) Julgamento sobre o que é bom ou ruim: objetivamente apontar o que no livro provoca determinados prazeres imaginativos.