quinta-feira, 21 de março de 2013

Uma Nova História de Mouchete

Diariamente encontro uma multidão de miseráveis pelo caminho e sempre percebi que, além das privações materiais ou morais, compartilham entre si outra espécie de privação, que nunca soube definir.

Não afirmo, com isso, que haja qualquer relação de causalidade entre elas, nem que seja impossível sair de tal condição.

Aquela para mim obscura foi muito bem esclarecida por Georges Bernanos em "Uma Nova História de Mouchete" publicada pela Editora É Realizações:

"O pensamento de Mouchette nunca se apresenta, evidentemente, com uma bela organização lógica. Permanece vago, passa facilmente de um plano a outro. Se os miseráveis tivessem o poder de associar entre si as imagens de suas infelicidades, elas os esmagariam. Mas a miséria deles é uma infinidade de misérias, um desenrolar de acasos infelizes. Eles se parecem com cegos cujos dedos trêmulos contam moedas de valor desconhecido. Para os miseráveis, a idéia de miséria basta. A miséria deles não tem rosto."

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