Resumo dos Comentários de Mário Ferreira dos Santos aos Antepredicamentos
1. Sobre
o Livro “Das Categorias”
a) Categorias
ou predicamentos são os gêneros supremos. O livro é divido em três partes: a 1ª – os antepredicamentos (cap. 1 a 4) – que são
os pré-requisitos para a razão dos predicamentos e sua coordenação nos seus
respectivos gêneros; a 2ª – os predicamentos (cap. 5 a 9) – que são os gêneros
supremos nos quais se resume todos os entes criados; e a 3 – os pós-predicamentos
– que são as propriedades de todos os predicamentos ou de muitos deles.
2. Análise
Geral dos Antepredicamentos.
a) Os
predicamentos se dividem em unívocos, equívocos, análogos e denominativos.
b) Unívocos
são aqueles que se predicam pelo nome e pela sua definição essencial.
c) Equívocos
são aqueles que se predicam apenas pelo nome, mas não pela sua definição
essencial.
d) Análogos
são aqueles que se predicam em parte pelo nome e em parte pela definição
essencial.
e) Não
há conceitos equívocos, somente unívocos ou análogos.
f) Segundo
a complexidade ou incomplexidade, os predicamentos podem ser analisados em
quatro combinações: na 1ª, se dizem do sujeito, mas não estão no sujeito (são as
substâncias segundas); na 2ª, não se dizem do sujeito, mas estão no sujeito (são
os acidentes singulares); na 3ª, não se dizem do sujeito e não estão no sujeito
(são as substâncias primeiras); e na 4ª, se dizem do sujeito e estão no sujeito
(são os acidentes universais).
g) Quatro
Regras dos antepredicamentos: 1ª, predica-se “per si” o predicamento que é
segundo sua própria razão; 2ª, uma coisa difere de outra quando a razão de uma
difere da razão da outra; 3ª, quando se predica algo de algum sujeito, o quê se
diz do predicado também se diz do sujeito; e 4ª, nos gêneros não subalternos,
as diferenças essências não são as mesmas.
3. Razões
dos Antepredicamentos
a) A 1ª Razão considerada os antepredicamentos em
tríplice aspecto: 1º, os análogos e os equívocos estão acima de todos os
predicamentos; 2º, os unívocos se coordenam nos mesmos predicamentos; e 3º, os
denominativos estão nos mesmos predicamentos em relação aos que estão em
outros.
b) A
2ª Razão consiste em ser a predicação coordenação das coisas simples e não das
complexas. Coisas simples são aquelas que têm uma única definição e quididade.
c) A
3ª Razão consiste em estar ou não o predicamento num sujeito e no se dizer ou
não do sujeito. Por isso se dividem em duplo gênero, substâncias e acidentes,
coordenados em quatro tipos, segundo a singularidade e a universalidade.
d) A
4ª Razão consiste em conhecer a coordenação dos predicamentos em linha reta,
assim como a conexão ou separação deles enquanto diferença. Duas regras decorrem
daí: 1ª o que se predica do superior, predica-se dos seus inferiores; 2ª os
gêneros não subordinados ente si não possuem as mesmas diferenças.
4. Equívoco
a) Coisas
com o mesmo nome, mas a razão designada por esse nome é diversa.
b) O
conceito de Aristóteles se aplica aos “equívocos equivocados”.
c) Quanto
ao “equivoco equivocante”, a equivocação se dá no nome, não no conceito. O nome
é o mesmo, mas a razão a qual se refere é outra.
5. Análogos
a) Analogia
é um “médium” entre a univorcidade e a equivocidade.
b) Conceitos
análogos são aqueles que têm em sua razão alguma nota em comum. Esta “nota em
comum” era chamada pelos pitagóricos e platônicos de “logos analogante”.
c) Há
dois tipos de analogias: 1º, de atribuição extrínseca, na qual o logos analogante
faz parte ou se refere ao que é extrínseco da coisa; e 2º, de atribuição
intrínseca.
d) Há mais dois tipos de analogias: 1º, de
proporção – num dos analogados o “logos analogante” é segundo a intenção e o
ser e noutro é apenas segundo a intenção; e 2º, de proporcionalidade – o logos é
apenas segundo a intenção para os dois analogados.
e) A
analogia de proporcionalidade se divide em duas: 1ª, própria, quando a razão
significada para o análogo se dá para ambos os analogados; e 2ª, imprópria ou
metafórica, quando a razão do análogo se dá num e no outro apenas por
similaridade.
6. Graus
de Univocação Segundo os Escotistas
a) No
1º Grau – o mais perfeito – o unívoco é segundo o nome, a razão, o modo de ser
a mesma ordem e a mesma perfeição. Exemplo: homem que se predica para todos os
indivíduos da espécie humana.
b) No
2º Grau, o unívoco é segundo o nome, a razão, o modo de ser e a mesma ordem.
Exemplo: animal, que se predica para homem e bruto.
d) No
4º Grau, unívoco é no nome e na razão. É chamado de único análogo.
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